História do Clube


(texto adaptado do site zerozero.pt, tendo sido feitas as devidas actualizações)

Até ao século XXI falar em Arouca era lembrar o famoso Mosteiro (1226) que foi doado por D. Sancho I à Rainha D. Mafalda. Arouca era sinónimo de doçaria conventual e pão-de-ló de renome, ou então batizava a famosa raça que proporciona a aclamada posta arouquesa.

Arouca remetia para o paraíso natural da Serra da Freita, para a natureza no seu esplendor, para os trilhos do Paiva, para a magia de Espiunca. Para um Portugal rural, no interior norte, tão perto do litoral e de grandes cidades como o Porto e contudo tão distante do país que todos os dias faz capa de jornais ou brilha na televisão.


A bola de futebol - e com ela os holofotes da fama - parecia estar a uma distância incomensurável da pequena vila do Distrito de Aveiro, e contudo...

Um caso de sucesso

A história da colectividade arouquense é um caso de sucesso raro no panorama nacional, ou mesmo no internacional. Quantos clubes se podem gabar de num curto espaço de apenas seis anos conseguirem saltar das profundezas do futebol amador para o campeonato profissional da I Liga?

Eis o caso do Futebol Clube de Arouca, que na viragem do milénio saiu do anonimato, subindo pela primeira vez aos campeonatos nacionais, na então III Divisão Nacional.

Mas a história do FC Arouca começara muito antes, em 1951, quando na quadra natalícia, um grupo de destacados arouquenses como Fernando Pinto Calçada, Valdemar Leite Duarte, Joaquim Ferreira, António Guilhar ou Manuel Sousa Ferreira Pinto resolveu fundar um novo clube.


Ginásio Clube de Arouca foi o nome escolhido e o futebol era só uma das modalidades a que o clube se iria dedicar, juntamente com o Ténis de Mesa, o Râguebi ou o Voleibol.

A influência portista

A proximidade geográfica com a Cidade do Porto era responsável por uma considerável comunidade portista no concelho. Entre os arouquenses adeptos do FC Porto encontrava-se Afonso Pinto de Magalhães, benemérito arouquense que seria também presidente da colectividade portuense.

Por influência dos portistas como Pinto de Magalhães, o clube alterou o nome para Futebol Clube de Arouca e tornou-se a filial n.º 40 dos dragões. Durante décadas disputou as competições da AF de Aveiro, conquistando a 2.ª Divisão distrital em duas ocasiões (1980 e 1987), antes de ter finalmente conseguido a promoção as competições nacionais em 2001.

O ano de estreia nas competições nacionais revelou-se como uma etapa de experiência. Não preparado para os novos voos, o clube arouquense caiu novamente nos distritais, terminando em 15.º lugar na sua série.

No regresso ao campeonato distrital o Arouca voltou a vencer a competição destacadamente, mas no regresso à 3.ª divisão, o FC Arouca voltou a terminar a época em 15.º lugar, voltando a ser despromovido.

O salto


Após três épocas na distrital, o Arouca voltou a sagrar-se campeão distrital (2007) conquistando também a Supertaça de Aveiro. No regresso aos nacionais o Arouca fez história e conquistou a sua série, subindo imediatamente à então 2.ª Divisão B, o terceiro escalão do futebol português.

Em 2008/09, na estreia na 2.ª Divisão B o clube conseguiu ficar a meio da tabela, mas um ano volvido deu o salto e conseguiu uma histórica promoção aos campeonatos profissionais, quatro anos depois de ter subido dos distritais, sagrando-se campeão da 2ª Divisão B ao bater a concorrência de Moreirense e União da Madeira no play-off de atribuição de campeão.

O último degrau

A experiência nos campeonatos profissionais revelou-se profícua. Após três épocas, os arouquenses conquistaram a promoção, ficando em segundo lugar atrás do Belenenses. A estreia no principal escalão teve lugar no Estádio de Alvalade em Lisboa, que recebeu uma pequena invasão de adeptos arouquenses, felizes por verem o pontapé de saída do seu clube acontecer precisamente no estádio de um dos três grandes do futebol português.

Apesar do golo inaugural de Bruno Amaro, o resultado final não seria o melhor, com o Arouca a ser vergado com uma pesada derrota na estreia (5x1). Mas apesar do resultado, a tarde de 18 de Agosto de 2013 terá para sempre um lugar de destaque na História do clube. Outra data que não se esquece será a de 1 de Setembro do mesmo ano, quando o Arouca bateu o Rio Ave por 1x0 e conquistou os primeiros pontos na Primeira Liga, celebrando a primeira vitória na competição.

Todavia, o grande momento da equipa de Pedro Emanuel na sua primeira época seria conseguido no Estádio da Luz, com um empate a duas bolas, naquela que era a segunda visita ao recinto encarnado, onde o Arouca havia sido eliminado da Taça de Portugal com uma goleada por 5x1 em jogo a contar para a 3.ª eliminatória em 2010/11.

Durante grande parte da época o Arouca manteve-se perigosamente próximo da linha de água, mas no último terço da prova distanciou-se dos adversários e acabou por garantir a manutenção com tranquilidade, terminando na 12.ª posição.

O sonho europeu


Se até aqui o percurso do Arouca foi de sobremaneira notório, a época 2015/2016 certamente não sairá das memórias de todos os adeptos arouquenses e do futebol em geral. O Arouca, equipa que tinha lutado pela manutenção e arrancou um sofrido 16º lugar mostrava-se agora uma equipa de estatuto superior, acabando o campeonato com menos derrotas que um dos candidatos ao título (FC Porto). Nesta época, comandada por Lito Vidigal, o Arouca esteve uma jornada na liderança isolada no campeonato e ganhou pela primeira vez a dois grandes (Benfica 1x0; FC Porto 1x2), sendo que a última vitória foi no Dragão. Algo impensável para a maior parte da gente...

E no final de uma temporada tão maravilhosa veio o prémio desejado - um saboroso 5º lugar e uma impensável qualificação para a pré-eliminatória da UEFA Europa League. As cores de Arouca iriam sobressair na Europa, uma vila inteira seria enaltecida por 11 jogadores que dariam tudo em campo. História linda no futebol português.

O percurso europeu não foi muito longo mas mostrou à Europa do que um clube com tão poucos recursos consegue alcançar. Primeiro no estádio do Heracles de Almelo, onde o Arouca arrancou um empate a uma bola e, desta forma, pôde gerir o esforço no Municipal de Arouca, onde o resultado foi 0x0, culminando na passagem da equipa arouquense à próxima fase. Depois, diante do campeão grego Olympiacos. 0x1 foi o resultado em Arouca e o clube precisava de dar tudo na Grécia. E foi lá que os adeptos do Arouca vibraram com o golo de Gégé, que relançava a eliminatória. Entretanto, o jogo foi a prolongamento e o Arouca foi eliminado da UEFA Europa League. Mas foi uma experiência memorável para o futebol português.

Depois do salto..... a queda

Nesta história tão feliz sobreveio uma nuvem de azar misturado com alguma incompetência que relegou o Arouca, na época 2016/2017, para a II Liga. 17º no campeonato, o Arouca experienciou momentos difíceis, com variadas trocas de treinador e polémicas com o presidente. Mas todos os que quiseram beliscar a imagem do Arouca não o conseguiram... Nem conseguirão.

Agora de novo na II Liga, acho que temos qualidade para dar a volta por cima e nos colocarmos de novo no nosso lugar, a I Liga. Com o novo treinador e com um plantel motivado, vamos acreditar que vamos conseguir a tão desejada promoção, para dar novas alegrias aos adeptos arouquenses. FORÇA AROUCA!

Tuga_Gande
Orgulho Arouquense

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